Realmente, a crise tem sido o «combustível» que tem incendiado as audiências nos quatro canais generalistas e a cabo, em Portugal. Por um lado, houve um aumento nas taxas de desemprego, o que é equivalente a um crescimento dos tempos livres, que, perante a falta de meios financeiros, são passados em casa, a desfrutar de programas de televisão. Ao mesmo tempo, esta é uma forma de entretenimento e que até contribui para que os portugueses que estão a sofrer mais com a crise se consigam distrair durante algum tempo, sem pensar nos seus problemas. «As pessoas procuram uma forma barata de passar o tempo, seja porque estão mais tempo em casa devido ao desemprego, seja porque optam por passar o seu tempo de lazer em casa», confirma a investigadora da Universidade do Minho Felisbela Lopes.
Consumo médio diário de televisão em Portugal é superior à média europeia
No entanto, a televisão também é encarada como um meio de informação, através do qual se pode conhecer aprofundadamente as várias faces da recessão económica que, infelizmente, continua a atingir Portugal. Tendo conhecimento disso, os canais têm apostado bastante em debates.
Sendo assim, e segundo os dados divulgados pela CAEM/ Mediamonitor no começo de 2013, os telespectadores portugueses consumiram, em 2012, cerca de cinco horas e meia de televisão por dia – mais propriamente, 5h33m34s -, quase mais uma hora, em comparação com 2011. Esta tendência é ascendente desde 2006 e está na origem de uma crescente necessidade de reparação de TV.
De resto, as informações disponibilizadas pela Eurodata TV Worlwide relativos a 2011 também comprovaram como o povo português é adepto deste meio de comunicação. Afinal de contas, de acordo com esse trabalho, o consumo de TV no nosso país é muito superior à média europeia, estimada em 3h48m e aproxima-se dos hábitos da América do Norte: neste continente, a média encontrava-se estável em 2013, localizando-se nas quatro horas.
Para Paquete Oliveira, sociólogo e ex-provedor do telespectador da RTP, o crescimento da oferta tem sido um ingrediente fundamental para o aumento do consumo e, por consequência, da necessidade de recorrer a uma boa reparação de TV: «A qualidade tem diminuído, embora haja um aumento da diversidade na televisão paga, com a multiplicação dos canais temáticos», argumenta.
Fonte: PÚBLICO